Consumidores da terceira idade: como as embalagens podem se comunicar com eles?
08/08/2019
Esqueça aquela imagem de velhinhos tricotando em frente à TV ou jogando xadrez na praça. A terceira idade está cada vez mais conectada, ativa e independente. Além disso, os idosos também estão mais conscientes do que nunca sobre seus papéis como consumidores e buscam produtos e serviços capazes de atender às suas necessidades e expectativas.
Para as marcas e a indústria, essa transformação no comportamento das pessoas com mais de sessenta anos significa a urgência de reinvenção e de adequação ao novo cenário. E as embalagens, claro, precisam fazer parte dessa mudança.
Uma terceira idade nada analógica
Nos últimos anos, os índices de longevidade vêm aumentando consideravelmente aqui no Brasil. A expectativa, de acordo com o IBGE, é que 32% da nossa população seja formada por idosos até 2060. Para se ter uma ideia, até 2018 nosso país tinha 28 milhões de senhores e senhoras com mais de 60 anos. Um número que representa mais ou menos 13,5% do total de brasileiros.
Enquanto o número de idosos por aqui cresce sem precedentes, parece aumentar também o interesse deles pela tecnologia. Hoje, 1 em cada 4 brasileiros nessa faixa etária está conectado à internet. E apesar de ainda serem a minoria, representando só 7,7% dos internautas, o número de pessoas 60+ que acessam a web com frequência aumentou 31% entre 2016 e 2017.
A nova geração de idosos tem aproveitado todas as oportunidades que o mundo virtual oferece. Na contramão do que muita gente acreditava ser possível, esse público usa a internet para se conectar com outras pessoas, consumir conteúdos e informações sobre assuntos do seu interesse, procurar vagas de emprego e até mesmo encontrar relacionamentos amorosos ou investir na carreira de influenciadores digitais. Mais modernos do que muitos jovens, concorda?
Consumidores conectados
Quando o assunto é consumo, a internet também é uma grande aliada da terceira idade. O estudo mais recente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) sobre os hábitos dos consumidores 60+ apontou que, até 2018, os seniores que já tinham feito pelo menos uma compra on-line foi de 72,9%. Além disso, de acordo com o Google, o ticket médio dos idosos no e-commerce chega a ser 28% maior do que a média geral.
Mas enquanto nossa terceira idade explora o território digital, muitas marcas ainda não dão atenção a esse público. 7 em cada 10 empresas brasileiras acreditam que os idosos não acompanham as evoluções que estão rolando no cenário da tecnologia, de acordo com um estudo recente da Fundação Getúlio Vargas.
Adaptação é a nova ordem
Com os consumidores maduros cada vez mais ativos, não restam dúvidas de que o varejo precisa evoluir e encontrar soluções para atender a esse público. A pesquisa realizada pela SBVC apontou ainda que, além de terem um perfil conectado, os idosos valorizam marcas que oferecem bom atendimento, variedade de produtos e facilidade de acesso e locomoção. Nesse cenário, as embalagens podem funcionar como uma ferramenta para as empresas se comunicarem com a terceira idade.
Embalagens que solucionam desafios
Do manuseio à comunicação visual do produto, alguns atributos podem fazer toda a diferença para esses consumidores. A facilidade de abertura das embalagens, por exemplo, é um dos aspectos que merece atenção de toda indústria. Apesar dos seniores se mostrarem cada vez mais ativos, é comum que a força e habilidade manual das pessoas diminua com o envelhecimento. Por isso, as embalagens não só precisam ser de fácil abertura e fechamento, como devem ser intuitivas.
A marca de smoothies Innocent é uma das que investiu nessa característica. No lugar de sua antiga embalagem cartonada com tampa que precisava ser aberta com as pontas dos dedos, a empresa optou por um modelo mais simples. O recipiente escolhido foi uma garrafa com uma tampa grande que pode ser aberta usando a mão inteira e com bem menos força.
A ergonomia também é um daqueles pontos que não podem mais ser ignorados pela indústria. O formato e o peso das embalagens devem ser desenhados para facilitar o uso e o manuseio pelos consumidores mais velhos. A Maturi, marca de cosméticos brasileira desenvolvida especialmente para esse público, lançou embalagens que atendem bem a essas demandas. Seus frascos têm uma pegada fácil, são leves e não escorregam das mãos, mesmo molhadas.
Além disso, a comunicação visual e legibilidade das informações precisam fazer parte do checklist dos negócios que querem atrair pessoas idosas. É super importante que as cores e imagens das embalagens sejam bem definidas e vibrantes. Além disso, a tipografia e o tamanho do texto devem sempre facilitar a leitura. A marca brasileira Piracanjuba, através da linha Whey, é um bom exemplo entre as empresas que investiram nisso.
Pontes, não barreiras
Acabar com os obstáculos que separam a terceira idade de produtos e serviços é um grande desafio para o varejo. Se até agora os holofotes da indústria estavam completamente voltados para o público jovem, entender a fundo as necessidades e desejos das gerações mais velhas também precisa ser um dos objetivos. O ecossistema das embalagens tem espaço para evoluir nesse sentido e construir pontes para se conectar com os idosos promete ser um daqueles fatores decisivos para a sobrevivência e crescimento dos negócios daqui para frente.