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E-commerce está cada vez mais popular para a geração prateada, mostra estudo


Quando se fala da ascensão do e-commerce, há de admitir que o perfil do comprador assíduo desse canal é específico no nosso imaginário: jovem, atualizado na tecnologia, provavelmente Millennial ou da Geração Z, correto? Bem, pelo jeito, o cenário das compras online já não é tão polarizado assim: boa parte das aquisições pela internet são feitas, na verdade pela tal geração prateada — o público acima dos 55 anos.

É o que mostra o estudo da Tsunami8 Latam, conduzido pelo Data8, núcleo da Hype50+, em parceria com o No Pausa, Opinion Box e Pontes, que entrevistou ao todo mais de 17 mil pessoas: dois terços dos consumidores latinos da geração prateada — Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai — consumiram no e-commerce no último ano.

Entre os produtos mais comprados em todos os países, estão eletrônicos (38,4%), remédios e medicamentos (34,2%), alimentos e bebidas (33,7%), roupas e acessórios (33,2%) e eletrodomésticos e utensílios para a casa (32,1%). No caso especial do Brasil, analisado na pesquisa, 95% dos usuários nessa faixa etária possuem um smartphone e 31% deles conhecem novas marcas pelas redes sociais.

A pesquisa para o Brasil, feita de maneira presencial, também mostra dados interessantes sobre a forma como esse público consome no e-commerce do País. Para se ter ideia, pelo menos 39% deles fizeram uma compra na internet nos últimos 12 meses — porcentagem que está em crescimento, acompanhando o crescimento do comércio eletrônico — e 65% têm acesso diário à internet.

Entre os dados gerais da América Latina, nota-se que as categorias mais consumidas são itens pessoais (37%), produtos para a casa (36%) e itens para a família (18%). E além dos demais itens citados, os usuários também costumam comprar livros, produtos de beleza e cosméticos, móveis e artigos de decoração, artigos esportivos, produtos para pets e passagens áreas ou pacotes de turismo pela internet.

A grande questão é que ainda falta inclusão desse público dentro dos e-commerces. E que fique claro: não significa um tratamento diferenciado de acessibilidade — porque a geração prateada, sobretudo após a pandemia, tem tido mais facilidade em mexer com tecnologia —, mas uma diversidade nos produtos, anúncios e propagandas.

Diversidade e inclusão no comércio eletrônico

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a população acima dos 50 anos do País movimenta quase 2 trilhões de reais por ano, chocantes 42% do consumo nacional. E, ainda que o potencial de consumo seja muito expressivo, é muito mais comum ver ações de marketing voltadas ao público mais jovem.

A questão em tudo isso é: ainda que os Millennials e a Geração Z tenham bastante preferência para o e-commerce, o que falta para tornar esse canal ainda mais vantajoso e propício para a geração prateada? A resposta é, na verdade, muito simples: falta uma comunicação e ações publicitárias com um enfoque nesse público.

A boa notícia é que, em contraproposta ao movimento do mercado — que foca muito nos jovens —, há empresas, novos empreendimentos, influenciadores e até mesmo cursos que já buscam um atendimento melhor da geração prateada. Para se ter ideia, um levantamento do Sebrae mostra que pelo menos 49% dos empreendedores brasileiros possuem mais de 50 anos.

A própria Fundação Getúlio Vargas (FGV) lançou, no ano passado, um curso totalmente voltado para o mercado de longevidade e empresas como Hype 50+ já trabalham com a inclusão desse público no mercado, seja em força de trabalho ou mesmo em ações voltadas para enxergá-los como consumidores em seu pleno potencial.

Dito tudo isso, fica clara que só resta uma única dúvida, responsável por uma grande transformação na receita de qualquer companhia: a sua empresa atende bem a geração prateada ou ainda segue presa em uma ideia “jovemcêntrica”?

(Fonte: Consumidor Moderno, 16 de março de 2022)

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