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Design de produtos: evolução e futuro em meio a IA


Design de produtos passaram por diversas transformações ao longo dos anos, sendo a inteligência artificial uma das maiores delas.

Ao consumir uma simples lata de Coca-Cola, muitas vezes, as pessoas não param para pensar em como ela foi concebida e em como foi desenvolvido o design daquele produto. Apesar de parecer que sempre foi assim, quase todos os produtos que são parte do cotidiano foram pensados e projetados por um designer de produtos, para serem daquela determinada forma.

A disciplina design de produtos foca, justamente, em criar e desenvolver objetos para o consumo da população, sejam utensílios, eletrodomésticos, mobiliários ou até automóveis. Esses produtos devem estar relacionados à resolução de problemas desses consumidores.

“O design de produtos, e mais especificamente o design de embalagens, é onde a máxima ‘form follows function’ está mais presente desde a concepção da disciplina. Essa função deve sempre partir de uma necessidade do consumidor”, complementa a design director da Coca-Cola Latam, Camila Moletta.

Camila revela que no fim do século XIX, a Coca passou a ser vendida em garrafas, para que os clientes pudessem levar a bebida para casa e consumir quando quisessem. Até então, a bebida vendida somente em copos abertos diretamente em estabelecimentos comerciais. “A forma segue uma função e gera uma mudança de comportamento”, reforça, a designer.

Com o passar dos anos e com a evolução tecnológica, a disciplina de design de produtos foi ganhando cada vez mais ferramentas que a auxiliam no desenvolvimento mais rápido e em escala dos produtos, sejam eles físicos ou digitais.

Na visão de Leticia Pettená, cofundadora da consultoria de branding Marcas com Sal, hoje, os designers de produtos têm mais consciência e ferramentas para estudar o usuário e, a partir disso, criar. “Quando pensamos em produtos digitais, principalmente, isso muda tudo. A usabilidade da interface pode se tornar a vantagem competitiva do negócio”.

Nesse contexto de desenvolvimento tecnológico, surge a inteligência artificial e, com ela, a disciplina de design de produtos foi se transformando também. Levi Girardi, CEO e co-fundador da Questtonó, consultoria de design e inovação, pontua que a IA, na verdade, é evolução das ferramentas digitais que os profissionais de projetos passaram a ter nos últimos 20 anos.

“Lá no passado, você projetava usando prancheta, papel e caneta. Com o tempo, você passou a ter acesso às ferramentas de desenho auxiliado por computador e as coisas foram evoluindo”, completa. Segundo Girardi, cada vez mais, numa curva linear, as ferramentas digitais foram ajudando em todo o processo do projeto, inclusive, em projetos colaborativos.

Na visão do presidente da Associação Brasileira de Empresas de Design (ABEDESIGN), Gabriel Lopes, a tecnologia deve ser vista como uma grande ferramenta, uma aceleradora do tempo. “Vejo a tecnologia como uma grande aliada do designer ou de qualquer profissional como um acelerador do tempo”, complementa.

Apesar disso, a explosão da inteligência artificial generativa, muito puxado pelo boom ChatGPT, trouxe consigo uma apreensão por parte de alguns profissionais da área. Isso porque o questionamento sobre a substituição do humano pela IA estava presente em quase todas as discussões a respeito do tema.

IA como aceleradora

Entretanto, o CEO da Questtonó enfatiza que a tendência é que a inteligência artificial para o design de produtos facilite e acelere o processo daquilo com que o profissional não precisa gastar tanto tempo, para que aproveite esse tempo com aquilo que gere valor e diferenciação para o projeto. A cofundadora da Marcas com Sal, Leticia, concorda com Girardi: “Gosto de pensar nas ferramentas de IA como um acelerador das tarefas menos criativas no processo. É um começo que depois vai sendo lapidado”.

Camila, da Coca-Cola, também tem uma visão otimista em relação à influência da inteligência artificial no design de produtos. Para ela, atualmente, há mais oportunidades do que desafios em se utilizar IA para desenvolver produtos. “É o momento de experimentar e aprender”, afirma.

Em março desse ano, a Coca-Cola, criou uma plataforma de I.A. junto a OpenAI e Bain & Company chamada ‘Create Real Magic’. De acordo com a design, a ideia era que pessoas usassem a plataforma com seus asset visuais de arquivo para criar novas artes usando ChatGPT-4. As novas artes criadas foram expostas em um dos maiores billboards do mundo, em Piccadilly Circus, Londres.

No mesmo mês, a empresa também lançou a campanha global “Obra de Arte”, que juntou obras de arte mundialmente reconhecidas com peças de artistas emergentes de todo o mundo, incorporando inteligência artificial de ponta. O filme (veja abaixo) e o conteúdo da campanha foram criados pela Blitzworks.

(Fonte: Meio & Mensagem, 31 de julho de 2023)

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