Marcas brasileiras impactam crescimento do mercado de beleza
26/08/2024
Fundadores da Fenzza, Océane e Bruna Tavares discutem o crescimento e as táticas que impulsionam o mercado nacional
O setor de beleza movimenta bilhões de dólares globalmente, e o Brasil se destaca como um dos principais mercados internacionais. De acordo com um estudo da Euromonitor Internacional do ano passado, o país ocupa a quarta posição mundial no segmento, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão, com uma movimentação anual de US$ 27 bilhões.
O avanço da indústria brasileira deve-se ao empenho das marcas locais em satisfazer um público exigente e ávido por novidades, tanto em fórmulas quanto em embalagens. Além disso, os consumidores brasileiros buscam produtos com bom custo-benefício, de marcas que atendam às particularidades de um país tropical, com altas temperaturas e uma ampla gama de tipos de pele.
No entanto, o mercado, hoje reconhecido por oferecer produtos de alta qualidade, nem sempre teve essa percepção — pelo menos em termos da visão dos consumidores. A Fenzza surgiu com a proposta de desafiar a ideia de que cosméticos mais caros, frequentemente de marcas internacionais, são mais eficazes.
A CEO, Renata Canocini, percebeu uma demanda no mercado para consumidores que queriam produtos de qualidade, mas sem recursos para investir em marcas de alto custo. Atualmente, as redes sociais frequentemente mostram comparações entre produtos nacionais e internacionais que possuem características similares, mas com preços mais acessíveis.
“O brasileiro tem uma inclinação por produtos estrangeiros. Observando o dinamismo do mercado e o desejo constante por novidades, usamos isso como referência e base para nosso DNA, que é o lançamento de novos produtos”, explica a fundadora.
Até o final do ano, a Fenzza planeja adicionar mais 200 itens ao seu portfólio. A marca está presente em todo o Brasil, desde e-commerces e lojas físicas até grandes atacadistas, varejistas e distribuidores. Renata destaca que a intenção é ampliar ainda mais a presença da marca.
Expansão internacional
A abertura do mercado internacional para o Brasil, especialmente em termos de matérias-primas, foi um fator crucial para o crescimento da indústria de beleza local. Há 16 anos, a Océane iniciou suas atividades no Brasil com lenços removedores de esmalte importados. Atualmente, 80% dos produtos da empresa — incluindo itens de skincare e maquiagem — são fabricados fora do país, na Coreia do Sul, China e Taiwan.
“A população já reconhece o Brasil como uma referência em maquiagem. Não precisamos mais buscar produtos no exterior”, afirma Michel Chehaibar, fundador e CEO da Océane. Entre os fatores que contribuem para o sucesso da marca estão a qualidade, o preço e o design, enfatiza.
Recentemente, a marca de Bruna Tavares avançou para o mercado internacional após oito anos de parceria com a Farmamake. Em julho, anunciou a fusão com o grupo norte-americano Kiss New York. “Temos muitas marcas no Brasil produzindo excelentes produtos que estão em sintonia com a tecnologia e desempenho das marcas estrangeiras”, afirma Bruna.
Ela acredita que a movimentação reforça a força da indústria nacional, podendo servir como tendência para o mercado e promovendo o crescimento da marca em termos de tecnologia, tornando-a mais globalizada e atualizada. Outras marcas brasileiras também estão mirando o mercado internacional, como o Grupo Boticário, que está expandindo para a Europa, Ásia e América do Norte.
Colaborações estratégicas
Nos últimos anos, a Océane teve um impulso significativo com parcerias com nomes renomados como Ale de Souza, Larissa Manoela, Mari Saad e Marília Mendonça. Segundo Chehaibar, essas colaborações foram importantes para a marca, que agora aposta em micro influenciadores em suas estratégias de marketing — realizadas internamente.
Entre os escolhidos estão nomes como Stephanie Lemos, Joana Costa e a farmacêutica Carina. O executivo explica que, por serem mais nichados, eles estão mais alinhados com a estratégia da empresa.
Bruna Tavares também trilhou seu caminho através de parcerias. Desde 2011, Bruna colaborou com grandes empresas como O Boticário, Quem Disse Berenice? e Tracta. Atualmente, vende seus produtos online e possui uma loja física na Rua Oscar Freire, em São Paulo.
Influenciadoras digitais têm ganhado cada vez mais destaque na indústria nacional. Mari Saad encerrou sua parceria de sete anos com a Océane — com a qual lançou mais de 100 produtos — para seguir carreira solo com a Mascavo, que deve chegar em breve ao mercado. O mesmo ocorreu com Bianca Andrade, a Boca Rosa, que deixou a Payot para fundar a Boca Rosa Beauty.
A Fenzza também planeja investir em parcerias estratégicas no longo prazo. Para Renata Canocini, isso é uma maneira de agregar valor à marca e aumentar sua visibilidade.
Marketing e tendências
Como em outros segmentos, é essencial estar atento às tendências que se espalham rapidamente, especialmente nas redes sociais, onde a geração Z é uma das audiências mais engajadas.
“Para acompanhar as tendências de maquiagem, produtos, texturas e cores, é preciso realizar pesquisas de mercado aprofundadas, estar presente em feiras, acompanhar relatórios e entender as preferências do público”, afirma Bruna. Além disso, as tendências podem surgir de outros segmentos, como moda, arquitetura e cultura.
Essas tendências são frequentemente discutidas nas plataformas digitais por usuários e influenciadores, sejam eles profissionais ou especialistas em beleza. O conhecimento e as resenhas compartilhadas nas redes sociais ajudam o público a avaliar os produtos com mais precisão.
Entre as principais estratégias de comunicação adotadas pelas marcas nacionais, destaca-se a integração com as equipes de desenvolvimento e laboratórios. Segundo os profissionais, há uma demanda crescente no mercado brasileiro por produtos funcionais, com ativos e qualidade.
(Fonte: Cosmetic Innovation, 14 de agosto de 2024)