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Muito além da agenda ESG: por que as mulheres são importantes para a indústria?


Quando não criamos as condições para a mulher não abandonar a carreira e conciliar trabalho e vida pessoal -– ainda que este cenário seja muito mais complexo e envolva diversas condições culturais externas, originadas fora de nossos muros e em um passado muito remoto–, perdemos a capacidade de caminharmos rumo à pluralidade e entendermos novas perspectivas.


É fato que a indústria sobrevive da inovação. Seja com novos produtos ou serviços, criar diferenciação sempre foi uma máxima para o setor.

A pluralidade de pensamentos é, portanto, essencial. E se até recentemente eram os homens que atuavam nas indústrias e que detinham quase que exclusivamente o poder de decidir, é cada vez mais comum vermos a atuação feminina neste ambiente. E isto é muito bom, pois perdemos, enquanto setor, quando as ideias não são diversas e não construímos representatividade. Mas estamos longe da equidade de gênero. Elas ainda são minoria e em muitas organizações recebem salários menores, ainda que ocupem cargos equivalentes aos dos homens.

Pensando no segmento de alimentos e bebidas, com o qual atuamos aqui de forma próxima, vale uma reflexão: de forma geral, as mulheres têm grande poder de decisão. Pesquisa recente da Neogrid e Opinion Box mostra que, no momento da compra, o quesito preço é o mais importante (66% dos brasileiros o priorizam), sendo que são elas as que mais o privilegiam (81%).

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que, entre 2008 e 2021, houve aumento da participação das mulheres em cargos de gestão no setor, passando de 24% para 31,8%. 

Mas em uma área muito relevante para a indústria, a da engenharia, as mulheres ainda são minoria. Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da pesquisa “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, revelam que em 2021, elas representavam apenas 21,6% do total de estudantes matriculados em cursos de engenharia no Brasil.

Como podemos, enquanto indústria, contribuir para uma mudança neste quadro, a fim de pavimentar um caminho em que elas cada vez mais estejam inseridas em nosso cotidiano e, assim, contribuam para novos olhares de dentro para fora, com benefícios efetivos para o negócio?

Claro, somos parte de um problema muito mais complexo, culturalmente arraigado em nossa sociedade.  Mas eu diria que estabelecer parcerias nunca é demais. Programas conjuntos com clientes, fornecedores e até mesmo com a iniciativa pública podem ser bons caminhos. E eles precisam ir além da atração e retenção. Faz-se importante, também, um foco no empoderamento, em torná-las confiantes em sua própria capacidade – já que este é ainda um problema mais comum do que imaginamos.

A indústria que encontrar o caminho para aumentar a participação feminina em seu quadro, certamente, terá uma vantagem competitiva, seja agora ou no futuro.

*Roberta Silvestre é diretora de Recursos Humanos da Tetra Pak Brasil

(Fonte: Assessoria de Imprensa Tetra Pak, 26 de novembro de 2024)

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