Expedição de embalagens seguirá positiva em 2025

Por Rafael Barišauskas, economista na Fastmarkets para América Latina

O mercado brasileiro de embalagens deverá seguir aquecido ao longo de 2025, com a expedição de caixas, chapas e acessórios de papelão ondulado – conforme apurado pela Empapel – crescendo 4.3% em relação a 2024 e atingindo 4.42 milhões de toneladas, apesar da recém turbulência econômico-política que vem ganhando espaço no país desde o final de 2024. Fatores estruturais, como o aumento esperado do consumo interno de setores-chave explicam a projeção positiva para o ano.

A atualização para cima nas projeções dos principais determinantes do consumo interno de papelão ondulado sustenta o cenário Fastmarkets para 2025, apesar da aparente piora no ânimo do mercado em relação à economia brasileira. Essa piora no humor dos principais agentes de mercado se traduziu uma expectativa de taxa de câmbio mais desvalorizada para 2025 do que o projetado no final do ano passado, o que deve impulsionar ainda mais as exportações brasileiras de proteína animal e alimentos.

Se antes projetávamos modesto crescimento desses setores diante de uma expectativa de taxa de câmbio mais baixa, com a atualização das nossas estimativas para R$6,32 na média de 2025 também revisamos para cima as projeções para abate de animais e embarque de proteína animal, que deverão crescer 3.1% e 3.6% em 2025, respectivamente.

Mesmo com a piora do humor do mercado em relação à economia brasileira, acreditamos que o PIB brasileiro continuará surpreendendo para cima, movido sobretudo pelo desempenho esperado para o agronegócio, que deve se beneficiar deste cenário de câmbio mais desvalorizado. A indústria manufatureira no país, apesar de ter perdido dinamismo nos últimos anos, também deve se beneficiar deste panorama de câmbio mais depreciado e da perspectiva de recuperação, ainda que lenta, da economia argentina para o ano – importante destino das exportações brasileiras de alimentos, eletrodomésticos de linha branca e calçados, grandes consumidores de papelão ondulado.

Do ponto de vista do consumidor, as condicionantes de demanda estão, entretanto, mais voláteis e com mais riscos à frente. O consumo das famílias pode enfrentar alguma retração com o avanço da inflação e da taxa de juros ao longo do primeiro semestre do ano. Porém, o entendimento de que a economia hoje está acima do seu potencial e de que o nível de emprego hoje é superior à taxa natural da economia brasileira devem amenizar os impactos no consumo e continuar apoiando a demanda, pelo menos nos mesmos níveis vistos ao final de 2024.

Em resumo, o mercado brasileiro de embalagens deve continuar crescendo em 2025, impulsionado pelo aumento do consumo interno, especialmente no agronegócio e nas exportações, que se beneficiarão de uma taxa de câmbio mais desvalorizada. Apesar da turbulência econômico-política e dos riscos para o consumo das famílias devido à inflação e aos juros altos, o impacto geral no mercado de papelão ondulado ainda deve ser positivo.

(Fonte: Portal Packaging, 16 de janeiro de 2025)