Apocalipse do varejo
08/08/2019
As novidades tecnológicas sempre foram alvo de um grande dilema. De um lado, algumas pessoas são entusiastas a respeito de seus impactos positivos na sociedade — como a agilidade dos processos e o aumento do conforto. Mas há também quem denuncie que elas serão responsáveis por extinguir certos hábitos, costumes e, até mesmo, negócios.
Você já deve ter ouvido alguém falar, por exemplo, que os e-books iam acabar com os livros impressos ou que os jornais sucumbiriam aos portais de notícia on-line. Bem, esses são apenas alguns dos vários setores que foram “ameaçados de extinção” em função do surgimento de novas ferramentas tecnológicas.
E, recentemente, quem entrou para esse grupo foi o varejo. A “ameaça” veio com tanta força que ganhou, inclusive, um nome bastante assustador: o “Apocalipse do Varejo”. Mas a pergunta que fica é: será que as formas de consumo atuais, incentivadas pelas novas tecnologias, realmente acabarão com as lojas físicas? Continue a leitura e entenda.
O que é o Apocalipse do Varejo?
O termo surgiu nos Estados Unidos e começou a tomar conta do mercado em 2010. Na época, o Retail Apocalypse (como é chamado em inglês) se referia ao fechamento de uma enorme quantidade de lojas físicas no país, tendo em vista diversos motivos — entre eles, o sucesso do comércio on-line.
Com o passar dos anos, a expressão ganhou relevância mundial e passou a prenunciar o rápido desaparecimento do varejo tradicional em função dos novos modelos de e-commerce — especialmente aquele representado pela Amazon (que hoje vende desde celulares, eletrodomésticos e ferramentas até cosméticos, brinquedos, roupas e, claro, livros).
Mas será o fim dos tempos para o varejo?
Bem, se olharmos para o cenário brasileiro, a situação pode ser reconfortante para os varejistas. Em 2018, por exemplo, o setor apresentou um crescimento de 2,3% na comparação com o ano anterior — o melhor resultado dos últimos cinco anos. E, apesar de o e-commerce ter crescido 12% no mesmo período, sua participação não chega a ultrapassar os 4% de todo o faturamento do varejo.
E os motivos para ficar otimista não param por aí. Uma pesquisa mostrou que 85% dos consumidores ainda preferem comprar em lojas físicas. E não é à toa que a Amazon (até ela) decidiu se aventurar fora do universo on-line e, recentemente, vem abrindo diversos pontos de venda mundo afora.
No fim das contas, o varejo físico ainda possui uma importância fundamental para a experiência de compra do consumidor — seja no Brasil ou em outros países — e não necessariamente vai enfraquecer por causa do e-commerce. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de lojas fechando as portas ainda é grande, mas não supera o número de negócios sendo abertos. Ou seja, apesar de tudo, o resultado continua positivo.
Salve-se quem … se adaptar!
Mas é claro: não é porque os números dão margem para um certo otimismo que tudo esteja tranquilo. Apesar de todo esse terror apocalíptico não ter muita razão de existir, é realmente importante entender qual tipo de alerta ele oferece. E o principal aviso é sobre a necessidade de adaptação.
Menosprezar a importância da experiência on-line pode ser um erro fatal. Até porque, como falamos em artigos anteriores, os consumidores já estão mais habituados ao ambiente digital na hora de fazer suas compras. Por isso, investir em ferramentas on-line deve ser visto como uma estratégia fundamental.
Apostar no omnichannel, por exemplo, vem se mostrando uma ótima solução. Afinal, como a experiência na loja ainda é muito importante para os consumidores, oferecer um serviço híbrido e mais conectado é uma maneira eficaz de conciliar a realidade do e-commerce com a do varejo físico.
Portanto, assim como aconteceu com os livros e os jornais, tudo indica que o varejo físico também vai sobreviver às novidades tecnológicas — e por um bom tempo. Mas, como costumam dizer por aí, “é melhor prevenir do que remediar”. Por isso, se as marcas quiserem estar entre os sobreviventes desse suposto “apocalipse”, é essencial pensar em alternativas ainda mais conectadas e inteligentes.