Perspectivas para a economia brasileira em 2025
27/01/2025
Em 2025, a economia brasileira deve enfrentar desafios significativos devido a pressões externas e domésticas. No cenário internacional, a política econômica de Donald Trump, que inclui aumento de tarifas sobre importações, redução de impostos e deportação de imigrantes ilegais, promete gerar elevada volatilidade nos mercados financeiros. Esse ambiente deve intensificar os impactos sobre ativos como dólar e juros futuros, além de reforçar a desaceleração do crescimento global, com destaque para as economias da China e União Europeia. Para o Brasil, o cenário externo será mais adverso, agravando as dificuldades internas.
No âmbito doméstico, a deterioração das expectativas fiscais e a dificuldade de estabilizar as contas públicas criam um cenário de incertezas. A aprovação de um pacote de cortes de gastos, insuficiente para atingir as metas fiscais de 2025 e 2026, deve sustentar o pessimismo. Projeções apontam que a dívida pública continuará crescendo nos próximos 10 anos, refletindo a ausência de uma reforma estrutural que enfrente gastos obrigatórios, como a política de salário mínimo, vinculações para saúde e educação, e a rigidez orçamentária.
Para conter a inflação, estimada em 4,7%, o Banco Central deve adotar uma política monetária restritiva (como contraponto ao ambiente de desconfiança e de política fiscal expansionista), com elevação da taxa Selic para 14,75% até maio de 2025, mantendo esse patamar ao longo do ano. A inflação deve permanecer pressionada por fatores como o câmbio depreciado, desconfiança econômica e alta nos preços de alimentos, especialmente carnes.
Apesar de uma resiliência inicial, a atividade econômica deve desacelerar ao longo de 2025, captando de maneira mais significativa os efeitos defasados do aperto monetário e da deterioração da confiança, com crescimento estimado em 1,9%. O mercado de trabalho, embora reaja com atraso, deve apresentar taxa média de desemprego de 6,6%, uma leve melhora em relação a 2024 (6,8%). A massa salarial, no entanto, deve desacelerar, crescendo 4% em termos reais, após 7,7% em 2024.
O cenário base considera um mínimo de pragmatismo na gestão econômica e algum progresso na agenda fiscal, mas sem reformas estruturais. Caso contrário, o Brasil pode enfrentar um panorama ainda mais pessimista.
(Fonte: Assessoria de Imprensa Tendências Consultoria, 22 de janeiro de 2025)