Empresárias do RS criam embalagens de restos de mandioca e cana de açúcar
28/11/2022
Pensando em diminuir a quantidade de lixo plástico no meio ambiente para as próximas gerações, as amigas de longa data e empreendedoras Andressa Kasper e Karina Diehl se uniram para tirar um sonho do papel e criaram a Ankur. Localizada em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, a empresa tem como foco as embalagens de amido de mandioca e farelo de trigo que viram adubo.
A criação da Ankur surgiu após o incômodo das amigas, que se conhecem há 10 anos, com a quantidade de lixo produzido, a poluição e o consumo exagerado sem pensar nas consequências ambientais. A ideia se intensificou ainda mais quando Andressa se tornou vegetariana, e ao mesmo tempo começou a pesquisar sobre alternativas às embalagens plásticas.
A ideia da empresa é baseada no conceito de economia circular, ou seja: o que vem da terra volta para a terra. Com isso, após o uso, as embalagens da Ankur podem ser descartadas no lixo orgânico, composteira ou horta, e se transformam em adubo em até 180 dias.
Entre os principais impactos positivos da empresa na vida de outras pessoas e no meio ambiente está a redução da poluição gerada pelo plástico, substituindo os de uso único por alternativas ambientalmente corretas e voltadas à economia circular.
O nome Ankur vem do Hindu, que significa florescer. “Pesquisamos vários possíveis nomes para o projeto, mas esse é o que fez mais sentido para nós. Florescer em vários sentidos, como empresária, florescer esse projeto tão bonito, e também o Ankur tem o A de Andressa e o K de Karina, então fez todo sentido para nós”, explica Andressa Kasper, 37 anos, empresária formada em Comércio Exterior e MBA em Negócios de Impacto Socioambiental.
“E como as nossas embalagens depois de enterradas viram adubos, então florescer também significa isso né, que vai adubar a terra para florescer alguma coisa, florescer vida através da terra adubada por nossas embalagens”, completa Karina Diehl, 43 anos, empresária formada em Administração de Empresas.
“Em 2020, durante a pandemia, me afastei da empresa em que trabalhava e voltei aos estudos, mais tarde convidando a Karina para fazer parte do projeto. Em 2021 fizemos a viabilidade financeira e depois a comercial, além de testes em máquinas emprestadas, para então alugar um pavilhão e iniciar a montagem da empresa em Setembro de 2021”, relembra Andressa como a Ankur teve início.
Ambas nunca trabalharam antes com o meio de embalagens ambientais, então toda a ideia e pesquisa para empreender no ramo, começou do zero. Para a primeira fórmula de amido de mandioca, foi necessário a contratação de uma professora formada em Química para o desenvolvimento. Já na segunda fórmula, a de farelo de trigo, foi desenvolvida pelas próprias sócias através de pesquisa, testes e muita persistência.
“O nosso processo é bem manual. É feito a massinha, depois é colocado na prensa quente, que ela é prensada e sai o produto praticamente pronto. Depois vem a parte do acabamento, que é feito pelas gurias da produção”, explica Karina. De início, a empresa era tocada somente pelas sócias, desde a parte administrativa, financeira, marketing e produção das embalagens. Hoje, elas já conseguiram contratar mais duas mulheres, que foram devidamente treinadas e ficam somente na parte de fabricação e acabamento das embalagens.
Entre os produtos, a Ankur produz pratos com resíduo de trigo de 400ml, bandeja de amido de mandioca de 800ml, Bowl de trigo de 900ml, hamburgueria de 450ml feita de fibra de cana, marmita de 900ml feita de fibras vegetais, além de uma marmita 1200ml c/3 divisórias feita de fibras vegetais. Outro destaque é o copo retrátil de 400ml, que recebe bebidas quentes, frias e até comida.
A empresa também produz canudo biodegradável, feito de trigo e água, que mantém a sua estrutura e resistência mesmo após a imersão no líquido gelado por volta de 30 a 45 minutos. Além disso, a Ankur também oferece Celofane Vegetal Permeável e o Celofane Vegetal Impermeável, ambos verdadeiros e feitos 100% com celulose de árvores de eucalipto reflorestadas.
Em 6 meses de fabricação própria, já foram produzidas em torno de 20 mil embalagens compostáveis pela Ankur, com envio para todo o Brasil.
(Fonte: UOL, 24 de novembro de 2022)