Nanotecnologia garante segurança
03/11/2020
A segurança das embalagens e de produtos embalados contra falsificação, contrabando e roubo ganhou um aliado importante, com auxílio da nanotecnologia.
A startup Ciclopack desenvolveu um sistema composto por marcadores, leitor e software de análise e gestão capaz de proporcionar muitos benefícios aos usuários.
Além de aumentar a segurança de fabricantes e consumidores, o sistema também auxilia as atividades de economia circular, além de permitir o acompanhamento de operações logísticas e estratégicas. “A segurança é um ponto crítico, chama a atenção dos interessados e é o nosso primeiro mercado-alvo, mas há vantagens adicionais muito interessantes para vários segmentos de mercado”, explicou Leonardo Roriz, criador da Ciclopack e também Diretor de Startups da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
A preocupação do mercado tem fundamento. Roriz citou dados do Fórum Nacional de Combate à Pirataria (FNCP) que indicam perdas de R$ 200 bilhões no Brasil, em 2019, provocadas por fraudes, falsificações e contrabando de produtos. “Só na área de defensivos agrícolas, essas perdas somaram R$ 7 bilhões no ano passado”, comentou. “O valor recuperado mediante operações policiais ficou em apenas R$ 3 bilhões, é preciso investir mais em segurança, reunindo esforços públicos e privados.”
A situação vem se agravando nos últimos anos. Em 2014, essas perdas somaram R$ 100 bilhões. Em cinco anos, o valor duplicou, é um ritmo muito acelerado, que acompanha uma tendência global. No mundo, essas perdas são trilionárias. “O valor perdido em 2019 no Estado de São Paulo seria suficiente para gerar 90 mil novos empregos; em escala nacional, as perdas poderiam ser convertidas em investimentos, gerando até 2 milhões de novos postos de trabalho”, informou.
Atento ao problema, Roriz montou uma equipe para estudar possíveis meios de ajudar a controlar a circulação de produtos. Depois de um ano e meio de estudos, com apoio das unidades do SENAI de São Bernardo do Campo (SP) e São Caetano do Sul (SP), surgiu o sistema da Ciclopack. “Já estamos atuando há mais de três anos e estamos prestes a fechar um contrato com uma grande empresa da área de bebidas”, informou.
O coração do sistema está no domínio da nanotecnologia, que proporciona a fabricação de partículas minúsculas, em nanoescala, que podem ser adicionadas a tintas, materiais plásticos e papéis. “Temos as opções de colocar esses marcadores nos revestimentos ou na massa das peças, esta opção muito indicada para peças ou filmes plásticos”, explicou.
Cada marcador é desenvolvido para cada cliente (ou para cada um de seus produtos, se desejado), com exclusividade. Sua identificação requer um leitor especializado, também desenvolvido pela startup de forma exclusiva. “O leitor é portátil, usa a técnica de espectrofotometria na faixa do ultravioleta, e faz a leitura em alguns segundos”, disse Roriz. O leitor foi desenhado para isso. Segundo o empresário, a concentração média dos marcadores nos objetos se situa na faixa de 50 a 100 ppm, muito baixa. “Não é possível falsificar o marcador e também não se consegue identificá-lo facilmente sem o nosso leitor”, informou.
O custo do sistema depende, portanto, da massa de material que se quer marcar. “Calculamos o custo médio de R$ 0,10 a R$ 0,60 por peça ou embalagem tratada; o leitor UV portátil custa R$ 10 mil, mas pode ser vendido ou cedido em comodato, a depender da negociação”, salientou Roriz.
Uma vez marcado, o material carregará para sempre as partículas identificadoras. Mesmo após a reciclagem das peças plásticas, os marcadores continuarão presentes, porém em concentração menor que a normal, caso sejam misturados materiais não marcados. O sistema detecta essa redução quantitativa do marcador.
(Fonte: Site Plástico Moderno, 02 de setembro de 2020)