Nossas embalagens estão preparadas para os novos canais de vendas?
08/06/2020
Antes da pandemia, uma das principais vertentes para o desenvolvimento de embalagens era a sustentabilidade. Norteados por um modelo de economia circular, transformadores, convertedores e brand onwers buscavam desenvolver embalagens cuja circularidade estivesse garantida no pós-consumo. A pandemia veio e a rota precisou ser revista.
Sem dúvida, hoje temos um componente tão importante quanto a sustentabilidade para o desenvolvimento das embalagens: os novos canais de venda. Sim, estamos falando mais especificamente do e-commerce, um processo irreversível e que durante a pandemia ganhou vida e escala. Quem ainda tinha algum receio das compras online, abandonou o medo e rendeu-se a este novo canal.
Se o momento foi de repensar as relações de compra, ele também deverá ser de repensar as embalagens para este canal. E certamente não será só o e-commerce; a questão é mais complexa pois após a pandemia veremos um sistema misto de compras que contemplará online e offline.
Assim, é preciso se planejar para este novo cenário. O e-commerce não tem mais volta. Amazon, Alibaba e outros gigantes que o digam. Mas além de monitorar o movimento dos grandes e atender às suas necessidades de embalagem, é preciso acompanhar movimentos ainda mais ‘futuristas’ como é o caso do chinês Pinduoduo que já tem até app.
O Pinduoduo está criando uma nova relação de compras; nova, inclusive para o e-commerce atual. Inspirado no modelo do ‘antigo’ Groupon, de modo geral o Pinduoduo oferece recompensas para quem compra. A proposta é ajudar no desenvolvimento e no crescimento de marcas emergentes que possam oferecer valor pelo dinheiro gasto além de produtos de qualidade. O foco sai do produto e vai para o valor intrínseco da compra.
A partir da análise de dados de comportamento de consumo e preferências, o Pinduoduo já possibilita que 1.000 marcas produzam e vendam seus produtos na plataforma criada para atender às necessidades dos usuários. A inovação é tanta, que eles se auto intitulam: ‘a força motriz da próxima geração de novas marcas’.
Mas a maior ousadia do Pinduoduo é sem dúvida na área agrícola. Este modelo de negócios facilita a venda direta dos pequenos agricultores para os consumidores, fornecendo as preferências dos mesmos e agregando demanda para gerar volumes maiores. Com isto é possível aumentar a eficiência da cadeia, cortando os atravessadores; o lucro é reinvestido na produção. O Pinduoduo também ajuda agricultores em pequenos vilarejos ao oferecer recursos de marketing para o desenvolvimento das vendas online.
Enfim, a reinvenção se dá em várias esferas. Do ponto de vista econômico, vemos, por exemplo, o avanço do comércio eletrônico, principalmente de categorias até então menos relevantes como farmácias e supermercados. Do ponto de vista sociocultural, vemos a valorização da compra de produtos locais e de estabelecimentos do bairro.
Qualquer que seja a esfera, o fato é que a indústria de embalagens deverá acompanhar e atender a estas novas demandas impostas pelos novos canais de vendas. Não restam dúvidas de que o novo normal nos negócios terá como foco as vendas online. E a embalagem não pode ser um ponto de fricção nesta nova relação, ela deve atender com a mesma eficiência as trajetórias online e offline.
(Fonte: Flex Tendência, junho de 2020)