Tendências de compras para os bens de consumo massivo
23/11/2020
Sem dúvida é unânime a percepção entre os varejistas de que a pandemia acelerou tendências e fez transformações, que levariam cinco anos, serem colocadas em prática em cinco meses. E o levantamento da Kantar, líder global em dados, insights e consultoria, comprova isso. Entre os meses de março e agosto deste ano, 21% dos brasileiros fizeram uma compra online de comida ou bebida, pela primeira vez na vida, enquanto 12% dos lares também passaram a comprar bens de consumo massivo pelo telefone.
De acordo com o cenário atual, tudo indica que quando a crise sanitária acabar esses novos hábitos devam continuar, pelo menos para 53% da população. Sendo assim, 40% dela pretende continuar comprando online, enquanto 18% sinaliza que deve reduzir ou até parar de usar o e-commerce.
Essa insatisfação do shopper com o canal pode ser um sinal de alerta, ao mesmo tempo que uma oportunidade de melhoria para os varejistas, já que 29% dos clientes dizem não conseguir encontrar nas lojas online todo o sortimento que precisam, além de se queixarem dos atrasos na entrega e dos preços mais altos do que na loja física.
De qualquer forma, apesar de o e-commerce ser a pior modalidade avaliada, no quesito velocidade, mais da metade dos consumidores brasileiros pretendem continuar usando alternativas que se popularizam no abastecimento dos bens de consumo massivo, dos últimos meses, como o WhatsApp, o telefone e os aplicativos.
Mix no varejo de bens de consumo massivo
Outras mudanças no comportamento do consumidor também se mostram persistentes a longo prazo. A primeira delas é entender o bolso do brasileiro e como a pandemia não afeta a todos da mesma forma: 51% declararam ter sofrido impacto negativo na renda e temos visto taxas de desemprego que não param de crescer.
Diante desse cenário, 42% dos brasileiros declararam ter recebido ajuda em dinheiro, por parte do Governo, e que utilizaram esse aporte principalmente para as compras de alimentos, bebidas e limpeza dentro dos lares, ou mesmo para o pagamento das contas essenciais, como água, luz, telefone e internet.
Já em termos de quem sustentou o consumo dentro dos lares, a Kantar verificou um destaque para a classe D/E (+7% em unidades compradas), que incrementou novas ocasiões de consumo, com mais cafés da manhã e jantares sendo preparados em casa. E para a classe A/B, que aumentou em 38% o uso do delivery, no último trimestre.
Como a população tem passado a maior parte do tempo em casa, as ocasiões de consumo in home cresceram 10%, principalmente no café da manhã (+14%) e almoço (+12%). E ao pensar nas compras e no preparo das refeições, o prazer, a conveniência e a saudabilidade, que já eram uma tendência presente antes da Covid-19, são as principais razões de escolha e preparo nos pratos.
Nas classes A/B, a busca por uma alimentação saudável inclui o consumo de frutas, saladas, legumes, castanhas e iogurte, enquanto entre as classes C,D e E, a categoria saudabilidade abrange arroz, feijão, cereais infantis, leite em pó, sucos e vitaminas caseiras.
No geral, os brasileiros têm consciência sobre a importância e os benefícios dos produtos considerados mais saudáveis. 57% declaram preferir alimentos orgânicos, 32% buscam produtos sem lactose e 40% sem glúten. Porém, 35% consideram o preço uma barreira para o consumo desse segmento.
Quanto a cesta de produtos, durante a pandemia, todas as classes incluíram novas categorias nos carrinhos e o desinfetante foi uma unanimidade. Além deste item, a classe D/E passou a comprar mais pães industrializados, maionese e farinha de trigo. A classe C adotou a presuntaria e, a classe A/B, a cerveja e o requeijão.
Proximidade e preço também foram os critérios mais usados na hora de escolher o ponto de venda adequado. Por conta disso, o pequeno varejo ganhou 3 milhões de novos lares compradores e o varejo tradicional mais de 2 milhões, no último trimestre, ao mesmo tempo em que as marcas próprias, que têm preço até 10% mais baixo que a média do mercado, passaram a ser consumidas, pela primeira vez, por 2 milhões de brasileiros, enquanto o Atacarejo segue mantendo a tendência de crescimento, atraindo 4 milhões de brasileiros, com uma média de preços até 15% mais baixos.
(Fonte: Super Varejo, 04 de novembro de 2020)